sábado, 14 de outubro de 2006

(43) CONVERSAS DE VIDA E MORTE

Numa dessas excursões gratuitas em volta do Sol que diariamente a Terra nos oferece, podemos observar um leque de maravilhas.

Tudo o que nos rodeia e os seres nossos contemporâneos, são, na realidade, geniais obras-primas.

Extasio mas o artista confunde-me! A confusão é legitima na medida em que não me é fácil compreender um criador, supremo artista, destruindo obras tão perfeitas para criar de novo, e recuso o argumento duma lenta evolução.

Porquê o nasces, vives e morres ? A forma será diversa; a sina a mesma:

NASCES entre milhões de hipóteses para que algumas resultem e entras na cadeia alimentar;
VIVES dependendo dos teus contemporâneos e em regra devorando-os;
MORRES continuando na cadeia alimentar.

E, como se não bastasse, cria o animal humano, o mais animal de todos, concedendo-lhe favores e ferramentas que o fazem supor superior, quando na essência se reduz à mesma condição e tem por acréscimo a sensibilidade que lhe permite elaborar os sentimentos e emoções, e ainda a possibilidade de, por vontade própria, interromper o ciclo imposto, o que nos outros animais, e sem prova cientifica, parece acontecer apenas numa certa espécie de baleia e em algumas aves que ingerem sementes venenosas.

É entre esse misto de beleza e dor que balança o homem e os seus valores, superando uns a condição, outros não. Destes, grande parte, sem saber que nas suas ferramentas tem a chave dos próprios problemas, tenta que o outro compreenda o seu sofrimento, aproxima-se, não tanto para que lhe indiquem o caminho, mais para que aceitem e compreendam a sua natureza de seres em crise e, se tal não acontece, o ponto de ruptura é atingido e a saída do ciclo da vida pode surgir como solução única.

A ajuda atempada, em resposta ao seu grito, evita o sedimento de crises sucessivas mal resolvidas que os poderão conduzir à intenção suicidária e sua concretização.

Muitos fomos ao fundo do nosso poço e muitos saímos, sempre com feridas por sarar. Poderia fazer aqui o relato duma viagem ao fundo do meu e não o faço por razões várias, algumas capitais.
Receio encontrar lá em baixo a serenidade que me acomode, sem regresso, e teria ainda de me despir demasiado e o frio vai de rigor.

Além disso, se aqui chegaram, já leram 397 palavras e não quero abusar da vossa paciência.
ATÉ

1 comentário:

notyet disse...

De keops a 17 de Outubro de 2006 às 10:53
Gostei de fazer este exercício contigo!
Concordo que a vida é um percurso, digamos que um navegar em mares, oceanos vários. Ora onda alta, ora baixa.
O barco, esse avança e às vezes rodopia.
Mas navega.
Flutua!

De solcar a 2 de Novembro de 2006 às 11:24
A vida parece na realidade um exercicio.
Só tarde sabemos se passámos no teste.

De empatia a 18 de Março de 2007 às 01:47
Só sai com feridas por sarar quem quer!
O tempo acaba por curar a pior das doenças quanto mais não seja, acabando com o sofrimento de vez!
Porquê tanto medo da morte? Para quê o querer curar o que é incurável. Há quem nem sequer queira ir ao fundo do poço! Talvez falta de coragem. O final é sofrimento...
Não tenhas medo de abusares da nossa paciência...
Se não quiséssemos ler, não líamos . Se não quiséssemos comentar é evidente que também não comentávamos.
Até um dia