sexta-feira, 15 de maio de 2009

(253) A fuga

obséquio de gifmania
Bom. Quem tenha alguma crença nestes loucos escritos, decerto já se apercebeu do meu apreço, estima, apego, amizade, amor, seja lá o que for pelos animais em geral.
Tento falar com quase todos, evito conflitos com alguns notoriamente hostis e supostamente prejudiciais à espécie humana e sempre me entristeço quando no cumprimento desta servidão alguns tenho de devorar, coisa que todos eles fazem, sem tempero, sem consciência e sem a delicadeza e intermitência que dou ao triste acto, o que reverte em absoluto para seu bem estar psíquico se é que disso necessitam.
Cumprem, satisfazendo-se e satisfazendo a mãe natureza nas suas intenções renovadoras.

Isto até aqui parece conversa da treta, sendo apenas entrada para a minha profunda estranheza quando observei o dálmata em plena fuga.
Bom. (devia ter começado aqui) Porque fugirá ele ?
De mim não é de certeza. Ou será que o ofendi naquela minha vã tentativa de estabelecer relação ? Não creio, já vou ladrando razoavelmente de forma a que me entendam.
Será que este mundo vai acabar e ele ilusóriamente corre procurando outro ? Mas o ano 2000 já lá vai e com ele a ideia de que ficaríamos por ali.
Não vejo no horizonte qualquer cadela impulsionadora da corrida. Nem sequer prato de comida.
Deixa-me isto inquieto e intrigado, sabendo eu que este dito animal de estimação usa os seus recursos sensoriais com parcimónia e segurança sendo mais atinado do que o humano, dito seu dono.

Se calhar é brincadeira e foi uma maneira de me tentar tirar o sono.
Ou até dar-me uma lição pelo meu imperfeito ãoão.
Coisa boa não será e o que for soará.
Vou esquecer isto e tentar melhorar a comunicação.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

(252) Duvida

Acrilico s/tela 25x30 (2007)

Entre o fogo e a água, qual será o meu rumo ?

Sou labareda ou sou fumo ?

sábado, 2 de maio de 2009

(251) Ainda outra Lisboa


Esta outra, de belíssimos pormenores, é ponto obrigatório para milhares de automobilistas que a lobrigam ao longe e de certo por vezes a rodeiam.
No percurso, os semáforos obrigam a umas curtas paragens, compadecidos, na esperança vã de mostrar beleza, decerto insuficiente pois o condutor terá outros problemas: na perícia da condução, no estupor do chefe que o vai chatear por chegar tarde ou na crise de que todos falam, e ainda terá de responder a um insulto ou outro quando faz de papo seco que é como quem diz as regras não cumpre, tendo também de buzinar umas quantas vezes.
Se os monumentos tivessem alma muito haviam de padecer, estão sujeitos a intempéries e ao ataque sistemático da poluição humana e dos dejectos das aves que ali pousam arrulhando e talvez observando a indiferença da espécie que as criou e por ali passa como por vinha vindimada.
E ainda me pergunto, porque será que grande parte dos residentes gastam as suas férias embasbacando-se com monumentos noutros países ?
Bom não vale a pena irritar-me e lembrei-me agora duma letra que andava por aí (aquela do tempo volta para trás). E já agora fosse no tempo, em que havia tempo e havia gente com tempo para olhar um pedaço de dura pedra ver a obra nela inserida e, pacientemente, com todo o tempo do mundo, ir desbastando e lascando o que no bloco estava a mais.
Quanta serenidade e felicidade conteria esse acto
Fica um pequeno grande pormenor do monumento.