sábado, 21 de outubro de 2006

(47) NO REINO DA MENTE




NO MARAVILHOSO REINO DO FAZ DE CONTA
NEM SEMPRE VENCEM OS BONS
Reza a lenda que há muitos, muitos séculos, um velho Génio se passeava na Galáxia, voando no seu tapete e resolveu sacudi-lo. Duas ou três palmadas e salpicou aquela zona de inúmeras partículas de poeira, seguindo o seu caminho sem se aperceber do caos que havia gerado.

Por ali passou outro Génio que andava sempre a descobrir coisas e até usava uns aparelhos, depois chamados telescópios. Notando que as partículas de pó tinham uma cabeça, tronco e membros, logo ali resolveu chamá-las de humanóides, mais tarde humanos (para facilitar), começando a declarar aos quatro ventos que descobrira a HUMANIDADE.

Aquilo não era coisa de somenos e ao examinar as cabeças em pormenor, verificou que, muito embora algumas fossem ocas ou com recheio sem grande significado, quase todas incluíam um pequeno planeta e esse sim fervilhando de complicada vida. Era uma espécie de labirinto onde coabitavam milhares de pequenos seres, parecendo gnomos e com nomes engraçados (BONDADE, MALDADE, INVEJA, ÓDIO, COBIÇA, TOLERÂNCIA, entre muitos, mais ou menos importantes, e me perdoem não os descrever mas para tal é insuficiente o tempo de vida que me resta ).

Cada criatura era conhecida pela característica mais marcante da sua personalidade e é bom de entender que, existindo tanta acção e reacção, o equilíbrio só seria obtido por alguém com mão de ferro e de facto assim sucedia.

A rainha CONSCIÊNCIA e a sua conselheira RAZÃO, lá iam mantendo estável o nível da SAÚDE MENTAL, controlando aquele povo um pouco desordenado, indisciplinado e desobediente.

Claro que havia um Rei, o INCONSCIENTE! Muito metido consigo, poucos se lembravam de o ter visto, sendo certo que só surgia em determinadas ocasiões e, mesmo nessas, não para agrado de todos.

Dizia-se passar o seu tempo a organizar extensos arquivos secretos, ajudado pelo SONHO, personagem estranho e que aproveitava as ocasiões em que a Rainha mandava o pagem SONO apagar as luzes e declarar descanso geral, para deambular nos labirintos, acompanhado de brincalhonas, principalmente a FANTASIA, e servindo-se abusivamente do arquivo secreto.

A Rainha que também tinha os seus agentes, sabia destas escapadelas mas fechava os olhos, visto que alguns PSIQUES (já vamos saber quem eram) a haviam convencido que o SONHO até seria benéfico para a saúde.

Porém, ladino e descuidado que era o SONHO, perdia por vezes o controlo das brincadeiras, logo surgindo o terrível PESADELO, esse sim provocando alarme geral e despertando todo o planeta.

A vida prosseguiria de forma razoável no reino da MENTE, se numa densa floresta não vivessem um mau bruxo, o SOFRIMENTO, amigo, unha com carne, de duas fadas más, a DOR e a MORTE.

Malévolos que eram e sabendo das constantes intervenções da CULPA e do REMORSO, enviavam os seus emissários, TERROR , PÂNICO, DOENÇA, LOUCURA e SUICÍDIO, aproveitando a fragilidade de muitas daquelas criaturas para se intrometerem no seu seio. Alguns estoicamente suportavam os seus ataques, SERENIDADE, HUMILDADE, ACEITAÇÃO entre outros. Muitos mais como DESESPERO, ANGUSTIA, SOLIDÃO, LUTO, por menor discernimento, debilitavam-se facilmente e com frequência sucumbiam. Nessa confusão alguns estavam doentes sem saber e só os outros o percebiam, altura para a insidiosa DÚVIDA questionar a sua própria sanidade.

Para obstar a estas dificuldades e tentar manter a saúde da MENTE em níveis sofríveis, resolveu a Rainha criar um grupo de trabalho constituído por alguns supostamente ainda não doentes, a quem mandou ministrar ensino especial e chamou de PSIQUES. A tarefa destes especialistas da MENTE era árdua e o êxito nem sempre assegurado, dependendo da fixação que os doentes tinham nos bruxos e nas fadas e na sua capacidade de lhes resistir. Em alguns casos tratavam deles só com conversas, tentando, sem o dar a perceber, encontrassem em si mesmo as qualidades ideais para evitar a ruptura, noutros tinham de recorrer a medicinas que, não garantindo a cura absoluta, amenizavam a forma como o SOFRIMENTO, a DOR, a MORTE e as diatribes dos seus emissários eram percebidos.

Certos destes PSIQUES tinham até autorização especial da Rainha para convocar o INCONSCIENTE rei, e, quando o conseguiam, apertavam com ele de forma a investigarem alguns dos seus arquivos mais secretos e, por vezes, obtinham resultados satisfatórios.

Em desespero, e lançando mão de todos os recursos, criou também a Rainha outro grupo os VOLUNTÁRIOS que, embora não fossem técnicos e até não percebessem muito bem como o conseguiam, lá iam ajudando algumas das criaturas tão-somente porque as aceitavam como eram.

Não quero deixar de fazer referência a uma distinta senhora, a AUTO-ESTIMA, aia da Rainha. Todos os cronistas são unânimes em afirmar que por vezes irradiava tal luz que a MENTE parecia quase uma estrela o que era benéfico para a saúde mental.

Continuaria o meu relato, fazendo até alguns desenhos para melhor compreensão! Estou contudo condicionado no espaço/tempo e já me fazem sinal para concluir. O estilo clássico não vence neste caso e só poderei escrever: “e viveram muito infelizes para sempre...”, epílogo confirmado por notícias do século trinta e um.

Até à próxima! Vão ali com ar risonho a ESPERANÇA e a FELICIDADE que vou tentar acompanhar...

1 comentário:

notyet disse...

De Maricel a 23 de Outubro de 2006 às 00:04
EXCELENTE, ADOREI
MAS TENHO QUE RELER COM MAIS TEMPO, QUE HOJE NÃO DISPONHO.
POR FAVOR CONTINUA A DELICIAR-NOS.
ATÉ BREVE,

De preconceitos a 23 de Outubro de 2006 às 11:23
Não esqueças que o texto é para adultos que conseguiram ser crianças e disfrutam da felicidade de ainda crer no faz de conta.