terça-feira, 27 de janeiro de 2009

(219) Comparações


Hoje tentei imaginar a natureza humanizada ou, dizendo doutro modo, aplicar as regras da sociedade humana à vida natural dos outros seres, a esse sistema de equilíbrio cujo principio, embora semelhando anarquias, violência e destruição, é a tentativa do renovo na intenção de melhor adaptação ao meio físico e ambiental.
Seja ainda a destruição do outro por mera imposição da sobrevivência (defesa e alimentação), para tal equipando-se os seres de armas naturais e biológicas, para actuação em plano instintivo, em que tamanho não é argumento.
Qualquer animal, neste contexto, esforça a toma do essencial na rejeição do supérfluo.
Bem, aqui chegado, e conhecendo a organização social humana e suas actuações, entro na casa do desespero para completar a ideia.
Nem mesmo com imaginação consigo adaptar aos outros animais a carga de supérfluos de uso humano.
Não estou a ver o leão preocupado se tem rede no móvel para convidar a leoazinha a dar um salto à discoteca para abanar a juba ou a formiga, na sua labuta, preocupada com o lazer da cigarra, história inventada pelo homem para dar lições que não aprende.
As comparações não resultam, nem delas tiro o gozo pensado, pois, a troco de benefícios espirituais, integraram-me numa sociedade plena de "merdices", como diria amigo meu, ervas malignas da seara da vida.
Olho aqui para a chávena de café e, entristecido, desisto de convidar o leão a fazer-me companhia. Decerto só criticas me faria.

domingo, 25 de janeiro de 2009

(218) Gotas


Ciberespaço, infinito, sem dimensão.
Ali navega o bem e também o mal, recebendo cada viajante a quota, consoante o seu entendimento desses conceitos.
Porventura a busca satisfaz a procura e cada um é responsável pela sua rota e armadura.
Não o faço por sistema. Todavia de vez em vez mergulho num ou noutro blog, fugindo aos demasiado comentados ou nitidamente virados a reivindicações colectivas.
E justifico.
Nos muito comentados já quase tudo se disse e a criatividade cessou e, nos outros, já fiz um longo caminho de pedra solta.
Sou contudo cativado por formas de expressar sentimentos, geradoras de reflexão, e até me permito delas fazer adopção.
Foi o caso DISTRIBUIR AFECTO GOTA A GOTA.
Na verdade pese embora a maravilha do toque do abraço, ele asfixia por demasiado aperto.
São assim mais generosos os abracinhos.
De gota a gota e pacientemente obtemos um oceano onde, decerto, perigo não corremos
Bem hajas pelo ensejo deste texto

sábado, 17 de janeiro de 2009

(217) Umbigos

Umbigo em cicatrização - obséquio de Wikipedia



Usa dizer-se dos petulantes e egocentristas estarem convencidos que o mundo gravita à volta do seu umbigo.
Trata-se duma peça anatómica, em minha opinião algo inestética.
Uma prega na pele, proveniente da cicatrização dum nó de tripa, por vezes de execução descuidada, outras não tanto.
Como disse, esteticamente nada me conta e de erótico, aspas, aspas, existindo outras zonas da pele bem mais erógenas.
Por tal me boqueabro quando vejo a peça em mostra publica, obediente às modas em curso, quer esteja quente ou faça frio e, com frequência, adornada de piercings ou outras peças de adereço.
Seria a mostra o somenos, não fora o convencimento metafórico daquela gravitação.
Esta coisa é mais gravosa.
Tentei explicação lógica e não encontro, pese embora aquele canal, ora encerrado, ter sido em tempos o único garante da boa vida gestativa, o argumento não valida a adoração fanática de tantos como se de centro do mundo se tratasse.
Por mim, se me restar algum espaço, pouco se me importa em qual umbigo gravita o mundo.
Que tenham bom proveito !

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

(216) Respeito pelo outro

Reconheçam sempre que a vossa vida é um sonho




Enviaram-me um mail e uma das fotos acima, acrescido do texto que na integra transcrevo:

"Atraídos pelo cheiro adocicado e pelo sabor de fruta, os pássaros comem restos de pastilhas elásticas deixadas, irresponsavelmente, em qualquer lugar. Ao sentirem a pastilha colada no seu bico, tentam, desesperados, retirá-lo com as patas... E aí, acontece o pior: morrem sufocados.
Por favor, passe esta mensagem para que, principalmente as crianças, sejam consciencializadas."
Por mim teria alterado "principalmente os adultos....", pois deles deve brotar o exemplo e a educação das crianças no respeito pelo outro.
Nesse dia tinha visto em tv uma daquelas séries de morte em série, passe a redundância.
Da conversa entre os protagonistas concluía-se, sem novidade acrescida, ser o homem o único animal conhecido que mata e tortura, até os da própria espécie, por puro lazer e prazer.
O aviso vem acrescentar ao lazer e prazer, também o desleixo e o desprezo pelo outro, seja ele quem seja, coisa aliás bem patente para quem faça o caminho e observe, não necessitando até de muita atenção.
Estas coisas mexem comigo e aqui publico a nota na crença de que a pequena semente tem capacidade de gerar fruto.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

(215) Lágrimas de crododilo







Quando um humano hipocritamente chora, usa dizer-se que são lágrimas de crocodilo.
Por obséquio da Wikipédia aqui fica a foto do simpático animal e a explicação (mitológica e cientifica) para as lágrimas.
Cada vez gosto mais dos animais.

Desde a antiguidade clássica, difundiu-se o mito de que os crocodilos emitem um som semelhante a um soluço quando atraem as pessoas até sua caverna e, depois de devoradas, deixam cair amargas lágrimas, talvez de compaixão pelo triste destino de suas vítimas. Esta é a origem da expressão "derramar lágrimas de crocodilo", usada para referir-se a quem chora para fingir um sentimento que não é verdadeiro.
A expressão popular derramar lágrimas de crocodilo, usada para dizer que alguém chora sem razão ou por fingimento, surgiu de um fato real que acontece com os crocodilos. Quando o animal come uma presa, ele a engole sem mastigar. Para isso, abre a mandíbula de tal forma que ela comprime a glândula lacrimal, localizada na base da órbita, o que faz com que os répteis lacrimejem.

domingo, 11 de janeiro de 2009

(214) Afectos

À Ida e ao Fernando com ternura





Duma forma genérica, gosto de todos os animais e quando elimino alguns tenho de ter em minha consciência razão para tal, em pura obediência às leis naturais.
E depois tenho amigos que lhes dão o seu afecto e com eles convivem.
Bom exemplo é o Putchi, já entradote, pese o jovial porte, com quem por vezes tento trocar opiniões e me dispensa algum carinho.
Com desgosto para eles a piriquita, por limite de idade, foi chamada recentemente às grandes pradarias e para que o companheiro não definhasse, do que dava mostras, logo substituíram a velha senhora por uma colorida jovem e com ela um pequeno espelho colocado na gaiola.
O velho macho aceitou deliciado a jovem presença e ambos manifestam conduta, a nível humano tida por afecto, ternura, quiçá amor na evidente prova de desprezo ao tempo e respectivo bilhete de identidade.
O mais curioso porém é o encantamento do espelho, pois o colorido casal, passa o seu ternurento convívio junto ao mesmo e dali não arreda asa.
Por especulação humana queremos justificar o facto, insólito ou talvez natural, emprestando-lhe emoções do nosso foro.
Serão aquelas aves sociais e o espelho forma gratuita de, duplicando a imagem, criar a ilusão do bando e de convívio, compondo, à falta da floresta, uma parcela do cenário primitivo. Ou conhecerão a história do espelho mágico e estarão a questiona-lo se no mundo há outros que se amem tanto ?
Com esta conversa de treta e a compará-los aos humanos, aqui afirmo, para que conste, não querer de forma alguma ofender os piriquitos.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

(213) Cores da verdade


Em discurso corrente é quase inevitável surgir: "na verdade... bla bla bla".
Poderá ser verdade, a do orador, eventualmente imbuída de algum mérito e senso e porventura até ecoando noutras verdades por aí vogando à toa.
Isto de verdades, sei da minha e, para ser conscientemente justo, terei de admitir, desde que não eivadas de malícia ou convicta mentira, a tua, a dele e a de todos os outros, porventura diferentes.
Existe um interessante teste bem demonstrando o intimo da volúvel verdade.
Num grupo de pessoas foram escolhidas cinco e isoladas. A missão da primeira a cumprir em cinco minutos seria decorar uma pequena historieta. Em seguida contá-la de memória à segunda pessoa, sem a presença das três restantes, esta segunda teria de contar à terceira nas mesmas condições e assim sucessivamente.
A quinta teria de relatar à assembleia, conhecedora do original, a história acabada de ouvir
Divertido mas sério e gravoso, levando-nos a bem ponderar qualquer testemunho por ouvir dizer ou mesmo de mera observação.
Desta forma quase cientifica se despe a senhora verdade, mostrando a multicidade de cores a brotar de raiz comum, as primárias, todavia de aparência bem distinta, umas límpidas, outras nem tanto.
A verdade individual, mesmo revestida do vinculativo "juro" e prenhe de boa fé, não deixa de ser um ponto de vista, dependendo excessivamente da opção de vida e percurso do observador e, por tal, nos contraditórios se pede humildade e ponderação.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

(212) Inventos

Estando tudo inventado, segundo dizem, somos de imediato conduzidos à mera reciclagem e melhoramento do espólio actualmente à nossa disposição.

Nada acontece por acaso e, embora te pareça o contrário, ate mesmo o mal permanece ao serviço do bem.

Estou crente e resistente, esperançado em criar algo novo, invento em fase experimental e do qual já retirei algum beneficio.
Carece de aperfeiçoamento e destina-se a aproveitar algum bem contido no mal, permitindo a tranquilidade de espírito, mesmo quando os mares são tempestuosos.
Não receando imitações, vou levantar um pouco o véu.
Trata-se dum pequeno chip.
Dessas minúsculas coisas, pequeninas, pequeninas mas obrando maravilhas.
Esta coisa, a ser à nossa dimensão, seria enorme e ovóide, com três
pequenos orifícios, um de in e dois de out.
Pelo in enfiam-se os chatos problemas do dia a dia ou de resolução complicada, os que eventualmente nos podem tirar o sono, colocando-os no interior da coisa no seu misterioso movimento e nem sequer há necessidade de carregar num botão.
Por regra, os ditos problemas, após complicadas evoluções intestinas e respectivo tratamento, emergem por um dos out com muito melhor aspecto, mais límpido, e, pasmem, por vezes, transformando em beneficio o prejuízo inicialmente aparente.
Ah, o outro out é uma espécie de cloaca, por onde sairão os produtos tóxicos causadores dos problemas, sendo vivamente aconselhável lançá-los ao esgoto por falta de aplicação prática.
Vai resultar e vou patentear. Ali aqueles senhores vestidos de branco estão a sorrir, desdenhando, mas vão comprar.