quinta-feira, 19 de agosto de 2010

(270) CHAMAR NOMES

Eis algo de que se deve ter cuidado quanto baste.
Quando se está numa fila e há alguém que sorrateiramente nos ultrapassa assobiando, convém nos contenhamos evitando a gana de dizer OH PARVALHÃO!
É que, logo após, sem sabermos se é de curiosidade natural ou convicção, teremos todos a olhar para nós, vendo-nos na contigência de exclamar que só chamámos um e estas coisas, dada a pouca criatividade do humano género, podem acabar de mão na cara, o que não convém e até não é o meu género.
Ainda por cima quando sabemos que infelizmente parvalhões há muitos e só temos de nos congratular não seja a coisa transmissivel, sendo contaminados, como na loucura mansa.
Pareço que fico por aqui, os avisos dão sempre vantagem.

domingo, 8 de agosto de 2010

sábado, 17 de julho de 2010

(268) Macacos

Pergunto por que me agradam os macacos e, não encontrando espontânea resposta, tento mergulhar fundo na busca da razão.
E isto por tão habituado estar ao conceito de beleza humana e correspondente postura, assim me parecendo mais estranha a preferência, pois de facto e quanto a mim, e me perdoem os macacos, perdem eles nesse aspecto.

Depois, andam afirmando por aí terem neles raiz nossos longínquos ancestrais o que de novo me confunde por, se assim for, me parecer de pouca valia os milhões de anos decorridos, com ressalva ao aprimorar e embonecar e também a batelada de conhecimento adquirido,na sua maior parte fardo a transportar, também de menos valia.

No outro capitulo,e à laia de exemplo, não me recorda ter visto um macaco a cuspir displicentemente no chão, nem a espalhar detritos à sua volta, conspurcando assim o espaço do outro, gesto tão elegante e habitual no humano, porventura posteriormente adquirido.

Pelo contrário, de rabo no ramo,quando descasca a banana tem o cuidado de atirar a casca para as suas traseiras e assim pelo menos cumpre a voz do povo: quem não vê não sente.

Todos estes, os da foto, dormem à minha cabeceira, parecem família feliz, leia-se: não ralham nem resmungam (e não chateiam).

Vá, não me chamem louco, isso sei eu. 
Sejam criativos. Terei outros méritos

quinta-feira, 8 de julho de 2010

(267) PUREZA

À execução perfeita da soprano e do pianista, duas vezes chamados e aplaudidos de pé, seguiu-se curta pausa.
Ouvi então este precioso dialogo entre uma criancinha e sua mãe:
Gostaste filha ?
Muito. O senhor do piano tocou tão bem !!!
Não percebi porque a senhora, que tinha uma voz tão linda, gritou tanto com ele.

Estranhos são os caminhos no entendimento da arte.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

(266) Ilusão e Liberdade


Era condição de desafio proposto algures, a elaboração duma quadra septissilábica de que constassem as palavras liberdade e ilusão.
Não sendo dado a competições, cumpri o tema sem envio, apenas aqui para o meu arquivo:

Ilusão e liberdade
Vão ali de braço dado
Sabemos são de verdade
Um casal muito chegado


Em essência suponho seja a liberdade coisa como a felicidade, sorver aos golos e saborear, não deixando que a ilusão nos arraste ao cimo do penhasco para evitar o estrondo da queda.
E, por vezes, nem as flores são livres.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

(265) Peugas


A capacidade de observação de alguns seres, deixa-me aturdido e em queda na perplexidade.
Em regra fixam coisas que nada acrescentam ou tornam proveitoso o seu dia a dia, sobre carregando a memória e até talvez sacando-lhe capacidade para outras relevâncias ou ainda, beneficio de duvida, serão tão loucos quanto eu... ou mais.
Um dia destes, por acaso daqueles em que a agenda me apertava, fazendo prever horas penosas de espera em portas fechadas ou só entreabertas, logrei engenhosamente ludibriar esse facto, urdindo distracção deliciosa.
Calcei um sapato de cada cor, assim como a peúga, e saí à rua enfrentando a lide já prevista, todavia de olho nas eventuais reacções àquela quebra de pseudo normalidade de quem com isso nada tinha.
Minorou as tarefas, resultando em pleno e ainda descobri existirem pessoas que pensam haver peúgas direitas e esquerdas.


Foi útil, porventura não inovador, pois também já havia caido numa esparrela semelhante, observando um tipo a simular que falava ao telemovel, quase gritando, e este era, nem mais nem menos que uma simples esferográfica e ainda por cima sem marca.


Santa paciência... e o louco sou eu, sem dúvida.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

(264) Novelos


Acordei todo enrolado e logo imaginei a vida em novelo, qual imenso cordão umbilical.
Agarramos a ponta solta e vamos puxando, puxando, cumprindo e tecendo o rendilhado do nosso percurso, quiçá extremamente dependentes.
Não basta a maior ou menor resistência do fio e a sua policromia, ou a boa ou má qualidade das agulhas mentais, como ainda estamos sujeitos ao desenho, no fundo de somenos desde que subsista a capacidade de desfazer e começar de novo, sem apego ou desgosto, se a obra não está a correr de gosto.
Nesta fase alguns desesperam, usando a tesoura no corte do fio, não aproveitando o que do novelo resta, quiçá prenhe de eventuais surpresas e maravilhas ainda por tecer.
Aproveitei o meu novelo e muito teci, uns trabalhos de mérito, outros não tanto, sem arrependimentos tardios ou arrogância, ultrapassadas que foram as raivas da juventude e convicto de ter seguido o desenho e estilo que a época ou ocasião pareciam favorecer como escolha certa.
O que resta do meu fio está num desses novelos minorcas e pacientemente vou puxando, com acrescida cautela e tecendo, tranquilo e a meu gosto, o desenho possível, em liberdade interior e sem preocupação do que os outros possam disso pensar.
E assim, se errar, me perdoem pois nunca será tal a intenção.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

(263) Aprendizagem

foto notyet


Os seres, nós e todos os outros, rastejem, andem, nadem, ou voem, não se eximem ao ciclo natural, estando todos sujeitos a período de aprendizagem mais ou menos longo, e até me parece, leigo na matéria que sou, estar esse período condicionado à esperança média de vida de cada espécie.
Sendo minha bandeira o raciocínio, não estou a ver uma mosca com tempo de vida de 24 horas a dispensar à nascença parte substancial dessa oferenda em aprendizagem e adaptação.
Os humanos disso não escapam e não deveriam lamentar-se da estreita e longa dependência na sobrevivencia e adaptação, antes reconhecer o privilégio de serem tão agraciados com útil e diversa ferramenta se adequado o respectivo uso.
E tão bem se conhece, pese embora essa longa aprendizagem, o lote de asneiras cometidas em nome do conforto e qualidade de vida, procedimentos inadequados que ceifam o futuro deste planeta azul.
Pergunto-me o que terá aprendido o pequeno réptil quando voltou à sua pseudo liberdade.

terça-feira, 30 de março de 2010

(262) O passado

Para me aquecer um pouco voltei ao FOGO DA VIDA

segunda-feira, 1 de março de 2010

(261) A MODA

É a moda lá na minha estrela e não creio que pegue por aqui, pese embora a vantagem de melhorar e iluminar a visibilidade e até talvez por isso.
As modas são o que são, em qualquer parte da galáxia.
É o "se eu te venero e tu usas, eu também quero", esquecendo-se de todo a eficácia e até do ridiculo aspecto que, na mais das vezes, do uso resulta.
Acabam por ser democracias da moda, onde quase todos entram, mesmo sem vislumbrar qualquer utilidade.
A própria ética e moral vai neste bailarico e muda ao sabor da maré, umas vezes no alto da onda e outras bem lá no sopé.
Folheando a história dos tempos fácilmente se constata: o que ontem era,  hoje já não é tanto assim, e, por vezes, alcunham isto de evolução.   Ou talvez não ?
Vejam só, como cenário probatório: o que antes era intimidade, hoje é vulgar merecer publicidade.
Dizia que as modas são o que são em qualquer parte da galáxia, mas aqui, no mundo dos homens, são um abuso.
Quero voltar à minha estrela.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

(260) Teus olhos castanhos

Bom. Lá que aqui o meu amigo tenha dois corações, ainda vá lá.
Contudo, com rara excepção, sou fã dos olhos castanhos... os tais de encantos tamanhos.
Estive a matutar. Olhos de gato !?
Vou pedir-lhe, em nome do nosso afecto, não use lentes de contacto.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

(259) Escorregar

Seja pela idade, ou outra qualquer fatalidade, quem, como o povo diz, está com um pé na cova, e se continuar a achar a vida bacana, terá de se cuidar naquilo que o outro pé pisa, pois pode escorregar em casca de banana e pra tal cova desliza.
Sendo louco, conto viver mais um pouco, e assim, por precaução, vou prestar muita atenção.

A foto ilustra o aspecto inofensivo do fruto lesivo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

(258) Definições

Se mo pedissem, teria dificuldade em definir felicidade.
Do melhor que já ouvi e nela me revi:

Felicidade é não ser feliz e com isso não se importar

Fica assim restrita ao estado de plena aceitação de qualquer mau fado

(257) A ternura do toque



O que nos deixam as novas tecnologias ?
Comunicação virtual.
A ternura do toque limita-se ao teclado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

(256) MUDANÇAS

Por necessidade continuada e logo transformada em processo banal, tantas e tantas vezes de casa mudei que nem pelos dedos ouso contar, na previsão de não chegarem, a menos que de outros aproveite a mão.
Na última, ainda em curso, nela decidi nem pensar e adiar, adiar... na razão lógica, ou ao invés, na falta dela, este meu percurso devassar.
Porque, na verdade, além duma pequena maleta de roupa e artigos de higiene pessoal, tudo o mais que preciso viaja comigo em unidade física e psicológica, os sentimentos não ocupam espaço e as memórias seguem-lhe as pisadas, como o conceito pessoal de arte e beleza, tão individual e diferente talvez, mas meu de certeza.
Porém, quando existe espaço coisas e loisas ali vão jazendo, todas ou quase prenhes de implícita leitura de nós e laços que as enlaçam, cumplicidade sem idade, momentos e ternuras passadas, de boa ou de má história, interruptores vivos e reais desse interminável arquivo da memória que aviva, sem demora, em franca contradição ao acto de deitar fora.
Os inertes que nos rodeiam não passam de carrascos, esgotando sua valia na activação dessa memória, resíduos da maratona da vida, corrida de olhos postos no horizonte, no esquecimento de olhar à volta, parar e beber da fonte.
Depois, bem depois, na meta, não dá para beber pois a mesma água não volta a correr e a chama já não arde... depois... é tarde.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

(255) Regresso






Voltou... como se o tempo não se tivesse processado e nem parecia cansado.
Depois, mais sereno e sempre prenhe de ternura, coisa do hábito, poisou a cabeça nas minhas pernas e ali se quedou de olhos brilhantes de candura, como dantes, na esperança do afago que sempre no coração trago.
Continuou, receando recriminações e na ansia de justificar desculpas e desilusões.
Não falei e não resisti ao habitual miminho e com carinho pousei minha mão naquela cabeça louca e assim, com coisa pouca, sem apagar o brilho dos olhos, semicerrou-os, lambeu-se e, convicto da aceitação e do perdão, descansou então da longa jornada para o que bastou aquele gesto de nada.