sexta-feira, 24 de março de 2006

(18) MISSÃO IMPOSSIVEL

Não resisti a colocar esta imagem. Não terá a ver com o texto.
É contudo bela e repousante e no seu movimento assemelhará o paraíso onde decorre a pequena história de autor desconhecido, colhida num livro de humor.
"S.Pedro acolheu uma boa alma que de imediato lhe pediu ocupação.
Toma esta colher, meu filho, e vai despejar aquele oceano.
Passados cinco mil anos a alma, missão cumprida, solicitou nova tarefa.
Toma este garfo, meu filho, e vai aplanar aquela montanha.
Sete mil anos após, cumprida a missão, aquela alma rogava nova tarefa.
S,Pedro, já agastado, exclamou: Olha JESUS, se queres trabalho para toda a eternidade vai à Terra e tenta espalhar o amor entre os Homens."
Sorrimos, encerra verdade e tem graça ! Mas que é triste, não resta dúvida

quarta-feira, 15 de março de 2006

(17) AOS AMIGOS DO CORAÇÃO



A MINHA ALMA É O MEU JARDIM

terça-feira, 14 de março de 2006

(16) SAUDADE


CHOREI TANTO... TANTO... TANTO...
SEM QUEIXUME, SEM LAMENTO,
SEM PRANTO, SÓ SENTIMENTO
CHOREI TANTO... TANTO... TANTO...
QUE SE A MORTE ALI PASSASSE
TALVEZ ATÉ ME LEVASSE

(15) A MASCARA

Se observarmos uma criança nos seus primeiros anos de vida deparamos com a possibilidade de espreitar a pureza da alma nessa janela aberta do seu corpo. O gesto, a postura, a lágrima e o sorriso, transmitem, sem subtilezas, a verdade do que ali se passa. O corpo é então o verdadeiro espelho da alma!
A vida/morte e o seu faz de conta, logo se apoderam dessa candura e lhe acrescentam servidões próprias do existir em relação.
Cada um de nós cedo é presenteado com um baú de mascaras para uso frequente, sobretudo nas ocasiões em que o sentimento não acompanha a circunstancia.
Decerto reconheço alguma utilidade na utilização duma ou outra mascara que vou evitando usar, pese embora os amargos de boca que a sua não utilização com frequência acarreta.

(14) OS NUS

E OS MORTOS

domingo, 12 de março de 2006

(13) FELICIDADE

Num daqueles dias em que corpo e alma não se entendem, vagueava a tristeza por aí, quando algo insólito quebrou o silêncio. Longo trinado chamou minha atenção! Olhei e, ali, a sete metros de altura descortinei um bico amarelo a adornar uma cabeça preta de olhinhos postos em mim, expectante como quem pede resposta..
Foi grande a tentação e, no melhor que pude, respondi, forma desajeitada e modesta, a pretender imitar tom semelhante.
Trinado cá, trinado lá, ali estivemos, filosofando diferenças e semelhanças, tempo, sem tempo, afinal companheiros na representação do faz de conta da vida, sincero e tranquilo.
Em dado momento um bater de asas e o meu interlocutor lá se foi, numa mancha negra esvoaçante, turbilhão efémero de vida, na busca de outros destinos outros encantos, outro alguém que também o compreenda.
Uma pequena chama de felicidade havia permitido descolar-me de problemas impostos na busca do supérfluo, quando o essencial morava mesmo ao lado.
Raro nos lembramos que nus nascemos e assim partimos e a verdadeira felicidade poderá ser, aqui e ali, a partilha destas breves eternidades por empréstimo e sem posse.

quinta-feira, 9 de março de 2006

(12) REPOUSO


ÂNSIA DE ENCONTRAR PAZ
NÃO DAQUELE QUE JAZ
ANTES NA SERENIDADE
DA ETERNIDADE

(11) A LUTA

OUTRA LUTA SOLITÁRIA PELA SOBREVIVÊNCIA.
Os humanos agem, habitualmente, de forma diversa.
Complicam.
Subjugam, criam, abatem, retalham.
Ao devorar requintam.
O prato, o talher, o vinho certo, a especiaria, o molho.
Também habitualmente fazem-no em grupo. Sorriem.
Na essência, pese embora disfarçada de poder, a mesma trágica servidão.

terça-feira, 7 de março de 2006

(10) DO CORAÇÃO




Ao Luís
No cair da folha.
Ajudou-me a sentir a solidão dos outros e assim situar a minha.



Em menino o coração era para mim algo que no meu peito fazia pum-pum, com mais ou menos violência, segundo as minhas correrias.
Já então, como agora, era também coisa que tinha a ver com mimos e afectos. Adorava o xi-coração. Era tocado.
Depois, e no percurso, aprendi que, a final e na sua essência, é um músculo valente, ou um valente músculo, capaz e responsável pela distribuição metódica e regular do fluido vital.
Mas o sonho de menino não foi de todo desfeito pelas agruras do caminho e do conhecimento.
A subtil consciência (talvez num arremedo de gratidão) empresta e atribue ao coração toda uma panóplia de emoções, fazendo dele fiel depositário da ternura e do amor, do sacrifício e da entrega.
É normal ouvir dizer que um ser tem bom coração, quando em prática de boas acções, sendo as más relegadas para o fígado (então o sujeito terá maus fígados). Também verdade parece que esta quimera não será igualmente vivida por todos.
São privilegiados os seres que no fosso do sofrimento mantém o espírito livre, tentando substituir por ternura, compreensão e amor a nefasta raiva, desespero e ódio.
Esses vão encontrar no coração o sentido do sem sentido da vida.
Perguntarão vocês o que tem isto a ver com o LUÍS.
Creiam que muito!
O Luís é um dos seres, que de há muitos anos para cá, semanalmente, me foi tocando e por tal tem lugar cativo quando no meu coração se canta o hino dos afectos.

quarta-feira, 1 de março de 2006

(9) OS OUTROS

fotocantodocarlos



Se me fosse permitido separar a humanidade em duas partes, os loucos e os outros, e, por modéstia, me colocasse no grupo dos outros, restar-me-ia a angustia de não saber o que eles sabem que eu não sei.

(8) FOGO DA VIDA

 
Toda prenhe de candura, tímida chama, calor
enlevo, só ternura, a crepitar no amor
É depois a chama forte numa louca fantasia
Há desprezo pela morte, há ilusão, há magia !
Vermelhos e amarelos, de braço dado a saltar,
Tão ingénuos e tão belos, numa volúpia sem par.
E em tanto movimento, nasce o aviso da queda
Que faz ouvir o lamento, no pico da labareda
Logo, logo, a amargura, e por vezes tanta dor,
Vão sufocar a ternura e os momentos d´amor
Baixa o fogo e a herança, são brazidos em modorra
Jaz ali a falsa esperança Talvez viva ! Talvez morra
Deste breve carnaval, resta a cinza. Vitualha !
E o fumo, seu ritual, que a suave brisa espalha