sexta-feira, 29 de agosto de 2008

(176) Segredos



A hora era tardia (onze da manhã)
e a lua fugia,
outras noites procurando.


Viria de grandes feitos,
daí a coroa de louros
atributo dos eleitos.
...
Numa noite de luar,
de certo me vai contar.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

(175) Soporíferos


Creio se me desse a fazer um pequeno inquérito sobre o melhor soporífero numa população de humanos medianamente cultos, seja lá isso o que for, a maioria esmagadora apontaria o seu dedo ao pequeno ecran que deixámos um dia entrar em nossa vida e veio para ficar.
Não sei se será contágio, até já cabeceei em frente a este seu primo, o monitor do PC. Talvez fosse mero cansaço, mas...enfim adiante. Esta prosa não é de fraquezas...
Naquele período em que estamos razoavelmente despertos, mesmo em filmes medíocres ainda esprememos bons petiscos.
Assim foi um dia destes e, do dito filme, nem o titulo me recorda.
Seria uma daquelas séries que passam e depois dão corda e tornam a passar (e não é telenovela aquilo de que estou a falar),
Bem e foi assim.
Numa conversa de amores por sinal entre uma hetero e um homo, dizia ela que não lhe interessava o sexo.
Argumentava então ser coisa de muito trabalho para prazer de curta duração.
Preferia uma boa massagem às costas, mais demorada e compensatória, sem tantos preliminares, aceite em passividade, sem futuros compromissos, de higiene garantida e sobretudo sem troca de fluidos .
Tanta graça e discernimento encontrei nisto !!!
Até graças dei por não ter adormecido.

(174) Felicidade

Quem já caiu na asneira de perder tempo a ler as minhas maluqueiras, deve ter verificado que mui raro passo a conversa ou o pensamento dos outros.

Nem sei porquê!!!

Talvez prefira prosa mais fraca, chancelada de meu original. São feitios.

Todavia tenho encontrado blogs com transcrições que me preenchem e completam e a que certamente não teria acesso se esses bloguistas fossem tão medíocres quanto eu.

Contudo a esta não resisto e me perdoem os que da minha opinião são.

Terão de fazer o favor de ler e com a nota de que me revejo nos conceitos, tanto mais que a minha primeira entrada neste blog, já lá vai tempo, foi com pensamentos sobre a felicidade, ditos de Chico Buarque.

E até lhe coloco a mesma foto por depreender que a felicidade anda por aí, em liberdade, não sendo fácil de agarrar, como o jacto que por ali passou.


A felicidade exige valentia.
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela
vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter
medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para
ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa - 70º aniversário da sua morte

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

(173) Ofensas

Raros feed-backs obtenho destas minhas escrevidelas e, estou seguro, se um gráfico de barras me desse a elaborar, obteria sem surpresa duas colunas notáveis: A dos que não me entendem e a dos sem opinião. Esquecendo estes, o mal dos outros é porventura o meu demérito.
Obteria também outras colunas de reduzida dimensão. Dizem ser só choradinho, não sabem onde quero chegar, é só desanimo sem fé, e por ai fora...
Também foi notada ofensa por omissão, para meu espanto e sem qualquer remissão.
De meu feitio não é ofender seja quem for, nem sequer inimigos, que sem saber os posso ter.
Para mim sinto e faz sentido a leitura do que escrevo, sendo o facto confirmado quando por vezes passeio nos escritos do passado.
Não sendo estilo ou forma o meu objectivo, a pretensão se reduz ao relato dos olhares e sentires na vida de cada dia, tentando nisso evitar a mascara ou traje de fantasia.
Nem o espelho me deprime, esse falso verdadeiro, na certeza de não devolver minha imagem por inteiro.
Mas bem, não querendo ofender alguém, despeço-me até pro ano.
Aí ficam as flores.

(172) Fardos

Ao nascer carregamos alguns fardos.

Parte deles bem pesados.

Um conterá porventura os alimentos destinados à sobrevivência.

Dizem que o tempo de vida e permanência por aqui dependerá do uso que desse fardo fizermos.

Aqui fica a noticia para quem dela proveito quiser tirar.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

(171) Imortais



Quando o olho humano observa a função da criativa natureza, depara com algo despótico, incongruente e redutor: a aparência do sem sentido da destruição do ciclo vibrante de vida e seu incessante renovo, qual artista jamais satisfeito com a sua obra.
Posso entender, não sendo fácil nem liquido, o sacrifício do individual ao colectivo.
A espécie detém o privilégio, o individuo a insignificância, reservado que está o seu papel em cena à garantia da continuidade, papel relevante porém independente da sua vontade.
O sistema, aliás perfeito no intento, evita a extinção, e, no temor das falhas, concede milhões de hipóteses fecundantes, na certeza de garantir o resultado, subsistindo os mais resistentes e porventura alguns mais astutos.
Muitos admitem a mortalidade e retorno, caindo no logro de tomar a dádiva da mente por favor divino e vão sofrendo na inevitabilidade da perca, frequentemente desprezando o real uso do tempo concedido.

De certa maneira sinto-me um resignado imortal.
Pela transmissão genética estarei presente pelos tempos dos tempos, noutros corpos, noutras mentes, noutras dimensões e necessariamente com diferentes sentires e olhares.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

(170) Hoje! ... e depois

Em tempos, alguém, por afinidade a mim chegada, falando de encontros "de amor" (notem-se as aspas e que se lhes dê a importância que tenham) deixou-me o sino na orelha.
Disse então à laia de sentença:
- Nessas ligações, nós, mulheres, pretendemos uma situação enquanto vós, homens, lhes basta uma relação.
A tradução, óbvia à época, implicava o homem viver o momento e a mulher também, esta porém com um olho no futuro, muito naturalmente ressalvadas as excepções que emprestam crédito às regras.
O facto acabava por minar a união pela incompatibilidade de interesses e seria o contexto social o responsável maior ao atribuir à mulher o elo mais fraco.
E não só pelas diferenças biológicas também pela sensibilidade, dependência financeira, critica à prática sexual fora dos compromissos contratuais do casamento, e muitos outros pequenos nadas, então representando tudo.
Vivem-se hoje tempos de situação inversa.
O homem, porventura por semelhantes razões, deixou de ser o falso elo forte. Passou a evidente elo mais fraco, até porventura descartavel, perdendo por bem a insensata arrogância machista.
E não deixa de me espantar que entre gíria de mulheres ainda se ouça: "vê lá se agarras um, de preferência rico", regredindo ao passado e a garantir o futuro, hoje, tão independentes que são.
A menos seja excepção para manter a nova regra. Pode ser.
Ah, já esquecia, a foto não é do paraíso. Não passei por lá !