sábado, 27 de setembro de 2008

(185) Beleza e trocadilho


Não gosto de comer. Ponto assente e nada a fazer.
No acto instintivo de manter o esqueleto activo, não deixo porventura de cumprir essa submissão natural egoísta, ir devorando os outros, de preferência cozinhados.
Por vezes, quem convida ou é convidado, questiona na escolha e minha resposta invariável é: escolhe tu, tanto faz o que vier serve.
Resposta convicta e sincera, todavia chata e arreliadora para quem a coloca com a melhor das intenções. Não há mesmo nada a fazer comigo.
Foi o caso. Amigo, sem este meu mau feitio e apreciador da mesa e dos artifícios sobre ela a colocar, usa convidar-me a um restaurante zona oeste, por acaso acolhedor.
Nesta ultima foi interessante. Constava da ementa massada de cação.
Fomos atendidos por mulher esbelta, que respondeu nunca tinha provado, quando pretendemos saber se o peixe era o por nós suposto.
A resposta veio embrulhada num sorriso simpático e ingénuo, emoldurado pela sua juventude e ligeira maquilhagem.
Enfim, lá resolvemos partilhar a dose.
Para mim foi um raro momento de excepção, obrigando-me, pela verdade, conta a pagar, a dizer à dita empregada que afinal, contrariando a minha expectativa, aquilo não tinha sido de forma alguma maçada... fora efectivamente um prazer...
Também me acontece...

1 comentário:

Andradarte disse...

Ainda bem que esse amigo, não tinha o seu mau feitio se não
teria sido uma maçada ,comer aquela massada.Gostei,.....dessa
música um pouco solussante.
Abraço.