domingo, 12 de agosto de 2007

(86) A VISITA

Desta minha visita ao mar não colhi o sabor de outros anos.
Lembra-me o entusiasmo sadio de então, da minha entrega total nos seus braços de espuma sem notar sequer a temperatura do abraço.
Brincávamos como dois cachorros e eu saía exausto, vencido, não convencido. Repousava na areia o corpo molhado e logo que o sol me mordiscava, lá estávamos de novo repetindo o ciclo.
Alguma coisa quebrou.

Ele estendeu os seus braços de espuma pela areia, acariciou-me os pés, num vaivém ritmado, sem a fingida violência doutrora.
Pareceu-me o mesmo, talvez menos azul.
Faltava porventura algo que não consigo definir.
Talvez, como todos os seres, tenhamos perdido fulgor.
Não deixei de o procurar todos os dias nem sequer deixei de o amar.
O meu telefone de certo modo compensou-me.
Fui agraciado com a “ordem de 15 dias sem tocar”.
E notem, não o desliguei. Brilhante.
Fiquei tão entusiasmado que prometo portar-me bem, na esperança de ser agraciado com a “ordem de 365 dias”.

3 comentários:

Afonso Faria disse...

Bom amigo!
bebi as tuas palavras e para além disso movimentei-me passo a passo contigo. Entendo-te e gostaria de ter essa capacidade de "fotografia" ou seja a imagem pela escrita.
Um abraço solidário e cúmplice

butterfly disse...

Obrigada pela visita:)
Tudo é mutável e a simbiose com o mar, é um exemplo.
Espero que receba a dita "ordem".
Um abraço,voltarei.

anilda disse...

Lindo!

Ambos amamos o mar, não sei se da mesma forma !

Amo particularmente o Índico pelo
calor que liberta e tb me senti acariciada por ele diariamente.
Quantas saudades.............

Um beijo azul

ana