segunda-feira, 25 de setembro de 2006

(35) O LOBO MAU

Não tenhamos dúvidas
se fomos crianças
se fomos amados
foi com intenção ternurenta que nos embalaram, contando e recontando, entre outras, a história do lobo mau e do capuchinho vermelho, mergulhando a nossa candura de então nesse mundo do faz de conta.
Aí nessa profundeza onde, separados os bons dos maus, se esvaziam os espaços intermédios. Mais ou menos bom ou mau não existiam.
Vamos crescendo nesse encanto, sem nos apercebermos do seu desencanto.
É óbvio que ainda hoje, na vida real, há por aí "lobos" a comer o capuchinho e a avozinha e, se apetite lhes restar, ainda se aproveitam do cabaz da merenda.
O verdadeiro sacrificado, no meio do turbilhão, parece ter sido o lobo.
Viu a sua reputação arrastada na lama, não que isso lhe importe por certo, quando no fim apenas cumpre o seu fado e o lugar a ele destinado nesta prisão enorme que é o nosso planeta.
Mais um a sofrer do preconceito.

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