terça-feira, 18 de novembro de 2008

(196) Beijoqueiros

Deponho em favor dos beijoqueiros.

Pecará o gesto pela deselegância de execução.
Todavia, no seu vasto leque de atitudes e intenções, até poderei jurar ser acto dos mais praticados pelos humanos, superando muitos outros.

Cobre, absorve, a nata dos sentimentos, dos cândidos e ternurentos aos mais fervorosamente apaixonados, e, nesta beijoqueira democracia, até o beijo da perfídia tem assento.

Seus companheiros inseparáveis, o toque e o olhar.

No toque terno da mão, no abracinho, no abraço, no amplexo da fusão do corpo, a mando da alma, muda o olhar de expressão.
Podem ser de afloramento, cortesia, verdadeiro contacto, ou esmagamento, havendo a distinguir os pontos beneficiários desta caricia e, no acto, pra valer, deverão os lábios
tocar a pele nua.
Dizia que os humanos professam a cultura do beijo e o distribuem a esmo.

Em publico,
é óbvio e manda o pudor, são distribuídos pela cabeça, seus subúrbios e ainda mãos e braços.
Na intimidade não falo, os mais recônditos pedaços de pele usufruirão do beneficio e o critério de execução fica a cargo de quem com gosto o fizer.
Em coisas desta relevância sempre me interessou a opinião dos outros e foi assim que há dias perguntei a alguém, na segunda metade da vida, madura e culta, se via diferença entre o beijo nos lábios e na boca.

Da peremptória resposta estarrecido quedei:

---Na boca ? Que nojice ! Respeito muito o corpo.
Deu-me que pensar.

Saberá ela a diferença ou é o pudor a falar ?

Nojice ?! Conceitos são o que são, efeitos a considerar.

Tanta gente por aí se delicia comendo caracóis, bivalves, camarão e sorvendo por inteiro seu sistema vital, incluído o digestivo.

Reflectindo. Se os beijos que dei na vida cumpriram sua missão e o corpo vou mantendo, não vejo assim tanto mal, mas posso não ter razão.
Pronto, com razão ou sem ela, não me quero castigar.
Vou continuar a beijar.

1 comentário:

Anónimo disse...

E fazes tu muito bem ! Aqui te deixo mais um, bem repenicado e com muito carinho
Di