quinta-feira, 27 de novembro de 2008

(199) Carraças



Os gémeos desanimo e desalento, contrariando o conceito, na rapidez de movimentos aos nomes não fazem jus.
Ao acordar, deparei hoje com esses dois inseparáveis patifes à minha cabeceira.
De nada me valeria o protesto ou tentar mergulhar de novo no agradável mas abandonado sonho em que pairava.
Por regra não discuto, acato, arrasto-me ao cumprimento das tarefas matutinas, engulo o almoço, pequeno em demasia, e desando.
Sendo muito chegados, unha com carne, unânimes e tenazes nas suas perseguições, são carraças e lá seguem agarrados ao meu pelo.
Dissimuladamente aproximo-me da cafetaria e sinto neles o primeiro abalo ao odor pairante da cafeína.
Conhecendo o resultado, sorvo a mistela, lentamente e com delicia.
Minutos passados perdem a ousadia, esmorecem, e, como nunca sei quando recobram o alento, sem piedade, sorrateiro, pago e ali os deixo.
Por azar sabem onde uso dormir.
Todavia, e com sorte, só amanhã voltarão, pelo que vou aproveitar da oferenda deste belo dia de sol.

2 comentários:

Anónimo disse...

E quando não há sol?
Jokinhas
Di

notyet disse...

O sol é a luz.
Se não, posso ficar mais um pouco, olhando com humildade os temporárimente vencidos e depois procurar a luz na memória e visitar os amigos nas suas estrelas.
Viste que bonito, sem me gabar. Beijinho