segunda-feira, 15 de outubro de 2007

(91) O REAL



Este "vaidoso" habita aqui na Várzea de Torres Vedras.
Quando lhe apontei a digital, interrompeu a tarefa em curso e colocou em mim aquele olhar.
Não há sorriso ! A Mãe não lhe concedeu a musculatura facial que permite esse esgar, e se calhar por bem.
Acresceu-me contudo dificuldade em aquilatar do seu humor pela minha insólita presença.
Nasceu nu, como nós, e depressa a Mãe o enroupou daquele jeito, a manter pela vida toda, garante da transmissão dos genes da espécie.
A tarefa interrompida era uma de três: tentava livrar-se de algum incomodo pulgão; procurava o modo de ocultar a cabeça na asa afim de curtir agradável soneca ou talvez tratasse da roupagem para curtir com uma daquelas garinas acinzentadas que por ali abundam, cumprindo assim a tarefa imposta.
Enfim, por falta de sinais e para desbloquear o impasse, ensaiei um dos meus melhores CUÁ-CUÁ. Foi à água, mergulhou a cabeça por momentos, sacudiu vigorosamente o rabo e esvoaçou até ao canavial, soltando um único CUÁ.
Dada a falta de vocábulos, há que fazer um esforço na dicção.
Um CUÁ dirá muito, ou muito pouco.
Por mim garanto que não o quis ofender. Por certo expressei-me indevidamente ou não gostou do sotaque. Ou talvez não !.
Não sei o que irá contar a meu respeito e tão pouco me incomoda.
Cada vez mais crente vou estando que só me faz mal quem eu deixo.
Hei-de tentar de novo, não sou de desistir !

3 comentários:

Afonso Faria disse...

Impagável caro amigo, talvez "qua...qua...qua" em patês!
Diverte-nos divertindo-te! Um abraço

alcinda leal disse...

são penas senhor! Mas também a beleza real!

Anónimo disse...

O teu quá não lhe pareceu suficientemente amigável.