domingo, 3 de junho de 2007

(79) AS FERAS







Como o velho índio, reconheço a presença das duas feras que em mim coabitam (a do bem e a do mal) e, porventura como ele, sei subsistirá aquela a quem dê o alimento..
Consultada a minha consciência e atribuindo ao conceito os valores que habitualmente prossigo e persigo, obviamente alimento a da função generosa do bem, no menos como eu o entendo e até aceito e concordo possa não ser exactamente a crença dos meus conterrâneos.
E isto sem grilhetas que há muito deixei de usar.
Contudo, sentia-me por vezes tentado a pequenas travessuras que não eram de todo meu estilo, o que me levava a crer que a debilidade da tal fera não seria tão notória.
Na presença do problema, eminente se tornava a mesa redonda, ou quadrada que fosse, e a resolução da anomalia.
Vim a saber, vejam lá, que a tal de fera boa, na sua extrema complacência, partilhava a refeição com a vizinha maldosa.
Foi o argumento justificativo da acção fácil de validar..
Segundo elas, havia necessidade imperiosa de manter os níveis de sobrevivência, débeis fossem, Só a presença duma era garante da existência da outra.
Doutro modo, como saberia eu estar a praticar o bem, sendo essa a única moda em uso?
Não sou de questionar lógica tão convincente. Medito e aceito.
Não deixarei todavia de ficar de olho, não se dê a fera do mal a artes tais que arrebate toda a refeição da incauta opositora

5 comentários:

cclara5@sapo.pt disse...

Não há feras más. A maldade faz parte da condição humana. Quanto à bondade da nossa fera é mera iluzão. Ela sabe que sózinha não pode viver. Quem escolhe esse caminho fá-lo porque gosta de mentir a si mesmo. Os caminhos são por vezes tortuosos. Gostamos de alimentar a fera só para também nos sentirmos vivos. A fronteira entre o MAL e o BEM é muito tenue.
O grande problemaé que as duas feras são irmãs, a mais forte sobreviverá.

**** disse...

Só existe um que está acima do Bem e do Mal: e Ele dá-nos os dois caminhos para nós os escolhermos da melhor forma que acharmos ou que o inconsciente use.

A questão é: o que é o Bem e o Mal?

Quando mando o meu Afonso comer a sopa, para ele eu sou a bruxa má, para mim apenas estou a cuidar da sua saude... é como td na vida: depende sempre da perspectiva e do degrau evolutivo em que nos encontramos.

notyet disse...

A questão é exactamente essa e escolheste um bom exemplo de polos bem afastados. O extremo bem e o extremo mal, congregados na mesma acção, sob dois pontos de vista.
É isso que me faz ser crente e Deus não será para aí chamado.

Afonso Faria disse...

Olá! Como te compreendo!!! Creio que é útil, é saudável a coexistência! Depois, tb me sinto tentado a previlegiar às vezes o acepipe à tal que apelidam fera má! É uma questão de sobrevivência. E quando toca neste campo, até a lei dos homens condescende!
É bom pensar contigo. Um abraço

anilda disse...

Sempre o mesmo : a luta dos conflitos internos- o mau e cruel / o bom e dócil . Pois bem só ganhará aquele que eu alimentar.

Mil beijos

ana