quarta-feira, 16 de abril de 2008

(140) ANGUSTIA

Sensibilidade, conhecimento e vida corrente no mesmo panelão podem produzir angustia quanta baste, sendo certo se o pedaço de vida resultar da cidade e a horas de ponta, na rua ou nos públicos transportes.
Vejamos:
Se o individuo caminha cabisbaixo carece de muita atenção para evitar a pisa de dejectos canideos e sujeita-se a topar alguma moeda quiçá indispensável a quem a perdeu.
Se caminha olhando para cima, não se iluda quando consegue lobrigar um pedaço de azul, riscado a branco. Não é céu, não são poéticas nuvens. Diz o conhecimento não serem mais do que meras circunstancias atmosféricas e suas condensações.
Aqui acresce o problema de estar atento às janelas e ao eventual lixo daí proveniente quando alguma "asseada" dona de casa resolve sacudirsos seus tapetes.
É assim e não me digam que também podemos caminhar olhando para os lados, para frente ou para trás.
Experimentem.
Só resulta se tivermos cuidado de fazer prévia toma de antidepressivo.
Enfim pode ser que o remédio seja (des)apurar um pouco a sensibilidade, muito do conhecimento, fugir da cidade, ir ao descampado e deixar que o instinto siga o seu livre curso na festa da natureza.
E hoje tive sorte, segui o voo duma negra ave, levando no bico amarelo fofuras para o seu ninho.
Cumprimento do instinto, sem mais; ternura na subjectividade do humano.

4 comentários:

alcinda leal disse...

E a Natureza está mesmo uma festa!
Se descontarmos estes dias de chuva, claro!
Os campos estãolindos e as aves atarefam-se realmente na construção do seu ninho...
bjs

**** disse...

O que importa é andar para a frente... e com a cabeça entre as orelhas!
Tenha uma boa noite, caro Preconceitos.

Anónimo disse...

O artigo está como sempre um primor e não podia concordar mais, mas a tua ultima frase...bolas...tu és lixado...!
O pior é que é verdade...lá se vão os óculos cor-de-rosa!
jokas
Di

notyet disse...

Olha AnónimaDIDIDI para eu ser lixado necessáriamente lixaram-me.
É lógico. Um beijo

Yuki. Ai está o problema.
Nas tais horas de ponta não fica espaço para manter as orelhas ao lado da cabeça.

Alcinda. No fundo as aves usam a vida na sua simplicidade.
Olha se tivessem um blog!

Grato pela visita das três. É um lenitivo aqui na minha cela do Julio. E enquanto leio, dou descanso aos senhores de branco.