sexta-feira, 15 de agosto de 2008

(171) Imortais



Quando o olho humano observa a função da criativa natureza, depara com algo despótico, incongruente e redutor: a aparência do sem sentido da destruição do ciclo vibrante de vida e seu incessante renovo, qual artista jamais satisfeito com a sua obra.
Posso entender, não sendo fácil nem liquido, o sacrifício do individual ao colectivo.
A espécie detém o privilégio, o individuo a insignificância, reservado que está o seu papel em cena à garantia da continuidade, papel relevante porém independente da sua vontade.
O sistema, aliás perfeito no intento, evita a extinção, e, no temor das falhas, concede milhões de hipóteses fecundantes, na certeza de garantir o resultado, subsistindo os mais resistentes e porventura alguns mais astutos.
Muitos admitem a mortalidade e retorno, caindo no logro de tomar a dádiva da mente por favor divino e vão sofrendo na inevitabilidade da perca, frequentemente desprezando o real uso do tempo concedido.

De certa maneira sinto-me um resignado imortal.
Pela transmissão genética estarei presente pelos tempos dos tempos, noutros corpos, noutras mentes, noutras dimensões e necessariamente com diferentes sentires e olhares.

1 comentário:

Anónimo disse...

A imortalidade, pela transmissão genética é real, sem qualquer dúvida.

Mas eu, certa ou errada, sou do grupo que acredita na individual, no retorno. Tento no entanto aproveitar ao máximo o tempo concedido.

Assim, me faz sentido a vida.

Um abraço
MARICEL