segunda-feira, 12 de março de 2007

(74) O ESSENCIAL

Em casa dos que me são queridos, habita agora outro ser.
Bolinha de pelo branco e irreverência quanto baste, própria da idade, chegou mês e meio após o nascimento.
Ali tem estado, deambulando pela área restrita do quintal, criando os seus próprios espaços e hábitos e depositando com frequência, muita mesmo, o resultado intestino da ração diária ingerida.
Rosno e ladro com alguma precisão.
Para o conquistar tive de juntar alguns insultos e latidos.
Olhando-o, observo e divago.
Vem geneticamente equipado para utilização quase imediata do essencial. Respira, cheira, ouve, late, rosna, ladra e sobretudo morde.
Devora a parca e medida ração, chama a atenção para obter companhia e, mais, a artimanha já faz parte do seu ferramental , pois acata ordens de aquietação, superando a ansiedade, na certeza da recompensa.
E quando apanha as minhas pernas à feição até simula uma queca .
Quando lhe abanam um grande osso com algumas raspas, pede paz e isolamento, rosnando para quem o quebrar.
É o sentido de posse, pois algum senão havia de trazer.
Estes processos simples, dádivas naturais, asseguram-lhe a melhor vida de cão que poderia ter e assim viverá intensamente enquanto a natureza o permitir.
QUE BOM SERIA ESQUECER E SER CÃO COMO ELE !