Quando entro no virtual ventre do passado, lembra-me a época em que as criticas ao poder instituído, pelo apertado controlo, só poderiam ser descarregadas na privacidade e, desse modo, quando, e só por absoluta necessidade, me servia dum sanitário publico, era garantida a distracção enquanto decorria a função.
As garatujas enchiam paredes e portas, maldosas umas, porcas outras e algumas escondendo verdades nas pregas do humor.
Enfim local único para transcrever ideias e opiniões proibidas noutros espaços pela verdade contida.
Lembra-me a graça duma delas. Na porta, frente à sanita, em letra miúda o suficiente para nos fazer aproximar a cabeça nos limites da curiosidade e a surpresa quando se conseguia ler o escrito:
"cuidado, está a fazer fora da sanita"
e também poderia ser verdade.
Enfim, pachola a malta daquele tempo, dona de algum sentido de humor, negro que fosse.
Enfim, pachola a malta daquele tempo, dona de algum sentido de humor, negro que fosse.
Hoje, as chamadas novas tecnologias (e se d'ontem já velhas são) não deixam espaço a qualquer privacidade e suponho nem mesmo os sanitários escapem.
As garatujas das portas e paredes passaram livremente à imprensa diária, tendo sido retirada a adrenalina e o respectivo gozo.
O pior de tudo é que nem parecem verdades.
Ou não serão mesmo ?
7 comentários:
Cuidado amigo, corres o risco de fazer fora!!!! Arrancaste-me um sorriso. Valeu!
Um abraço
103 entradas! Isso é que é produzir! Para quem tratava com vénias as novas tecnologias... Antigamente liam-se e percebiam-se os manifestos de parede. Hoje são arabescos góticos de putos convencidos que marcar paredes desejosos de afirmarem
Sé hoje me foi possível agradecer e retribuir a visita que fizeste aos meus pássaros. Estive uns dias ausente. Aproveitei e li o teu artigo, interessante por sinal, gostei sobretudo do final
"As garatujas das portas e paredes passaram livremente à imprensa diária, tendo sido retirada a adrenalina e o respectivo gozo", nunca me tinha lembrado de fazer esta comparação! :)
Noite feliz
um beijinho
(passo mais tempo no pequenos nadas)
Existem várias verdades de acordo com os olhos que lêem e a mente que as dita. Porém eu penso que essa coexistência poderá ser muito enriquecedora se nós soubermos aprender com as muitas verdades e acrescentarmo-nos com elas. O que se passa não é uma questão das verdades serem ou não autênticas. O que se passa são os interesses e os poderes a quererem formatar as mentes e a chamarem a si todas as comunicações que não dominam e podem pôr em causa os seus interesses. E isso é que é preocupante.
Eu tenho estado ausente por problemas de saúde de familiares e amigos próximos. Por isso também não tenho visitado este cantinho que aprecio. Tenho hoje no Suilêncio um texto sobre a hipocrisia em que no final eu me identifico como pessoa (nome e foto).
Passei para te dar um olá. É uma forma de escrever nas paredes e de ser solidária contigo.
Gosto do canto do Carlos
que não canso de voltar.
Aqui há sinceridade
nestas formas de postar.
Porém chegados ao Natal
quem se vai a aventurar
a vir aqui falar mal
deste país a sangrar?
Melhor que tudo é dizer,
com boa disposição,
votos de feliz Natal
até para o ano (ou não)!
Um abraço natalício
Confissão:
Fui a alguns dos teus sitios (silêncio culpado) para agradecer a visita e ternura.
Ali fico intimidado ao mergulhar naqueles centos de comentários e nem sequer poderia ser criativo. Já disseram tanto...e sinto que tens grande coração e entrega...
Crente que venhas a ler este, espero continues assim. Fica na luz.
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